sexta-feira, 29 de maio de 2015

5 anos de tentativa, 1 aborto e a Fertilização in Vitro

O Blog Mãe aos 40 publicou a história de Ana Paula Brandão. A publicitária tentou engravidar por cinco anos, sem sucesso. Após tratamento conduzido pela nossa diretora-médica, Dra. Maria Cecília Erthal, Ana Paula realizou o sonho de ser mãe. 

-------

Por Aline Dini


Eu não quis ser mãe aos 40. Na verdade, nunca tive certeza se queria ou não ser mãe. Muitas amigas tinham essa vontade desde sempre e eu me perguntava se um dia também a sentiria. Uma coisa eu tinha bem clara: só seria mãe se encontrasse o pai da criança. E só encontrei um parceiro digno de ser pai do meu filho aos 34, quase 35 anos. E foi com quase 36 que decidimos tirar o goleiro do gol, meio que sem compromisso, pra ver no que ia dar.

Três anos se passaram e nada aconteceu. Não nos preocupamos porque a verdade é que nossa rotina estava muito boa sem filhos e não sabíamos se estávamos preparados para abrir mão da liberdade de ir, vir e curtir a vida adoidado.

Mas… os sobrinhos foram chegando, os filhos dos amigos nascendo e o meu prazo de validade se aproximando. Por sugestão de uma amiga médica, decidi consultar um especialista e aí começa o segundo capítulo dessa história, muito mais sofrido que o primeiro. Após dois anos de algumas consultas, uma quantidade absurda de exames, dois tratamentos, um deles com resultado positivo seguido de aborto espontâneo, recebi da Dra. Maria Cecília Erthal o diagnóstico de Trombofilia. Ninguém do meu círculo de amizades ou da minha família tinha alguma noção do que era essa doença.

Pra resumir: trata-se de uma mutação genética (no meu caso na enzima MTHFR), o que gera um risco elevado para doenças cardiovasculares e maus resultados gestacionais como aborto recorrente, pré-eclampsia, e óbito fetal. Em certas populações, chega a 40% o número de pessoas com esta doença! O problema é que a investigação só é recomendada após três abortos. E, para completar, os planos de saúde não cobrem o exame de sangue que detecta a mutação. Ou seja, muita gente tem Trombofilia e nem sabe. E só quem passa por um aborto sabe a dor que é. Imagina esperar o terceiro para começar a investigar o motivo!

De posse deste diagnóstico, por já ter, nesta época, 40 anos, fui orientada pela Dra. Cecília a fazer uma fertilização in vitro seguida de exame genético (cgh), devido ao grande risco de um feto com alteração genética. A partir daí, começariam os três piores meses da minha vida. Vivi uma montanha-russa de sentimentos, embalada por uma dose cavalar de hormônios e cercada de uma ansiedade asfixiante. Não desejo ao meu pior inimigo a espera pelo resultado de um cgh. Dos 14 óvulos, chegamos a um único embrião saudável que foi implantado em um ritual que uniu ciência e, acima de tudo, fé. Sem uma boa dose de fé, confesso, eu teria sucumbido ao tratamento. Não existe garantia, existe estatística. Mas, não estamos falando de uma ciência exata e, mais, estamos lidando com o que há de mais profundo e subjetivo: o amor. Por isso, é tão importante a confiança no seu médico e o suporte que ele dá durante esse período turbulento.

Pra quem chegou até aqui, a boa notícia é que o embrião super selecionado pós-cgh tem muito mais chance de “vingar” e, se estou escrevendo aqui, é porque a história teve um final feliz. Um final feliz com muitos cuidados (hormônios no primeiro trimestre e injeções diárias de anticoagulante até quatro dias antes do parto), mas com a certeza de que tudo valeu a pena.

Hoje, minha filha está com menos de um mês e eu não durmo, mal tenho tempo para comer e cuidar de mim, mas não existe nada comparado ao que eu sinto quando vejo a carinha dela. Não me sinto com 41 anos de jeito nenhum, sinto a vitalidade, a disposição e alegria dos 20. E não descarto a possibilidade de passar por tudo isso de novo!

Ana Paula Brandão, 41 anos, publicitária, Rio de Janeiro




Confira o post no blog Mãe aos 40

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Quanto tempo é preciso esperar entre uma gravidez e outra?

Especialistas recomendam um intervalo de, pelo menos, 18 meses entre cada parto. Entenda

Muitas mulheres que desejam ter mais um filho se perguntam quanto tempo é preciso esperar para engravidar novamente. Mas será que existe, de fato, um intervalo ideal para ficar grávida de novo? Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) analisou cerca de 83% das certidões de nascimento emitidas no país em 2011 para averiguar de quanto tempo é a diferença de nascimento entre um filho e outro (há um item do documento que registra o intervalo entre a presente gestação e a anterior chamado ‘‘Date of last live birth’’). Com base nos dados, pesquisadores constataram que, nos Estados Unidos, as mulheres esperam, em média, 2 anos e meio entre uma gravidez e outra. No entanto, 30% delas têm o segundo filho dentro de um intervalo inferior a 18 meses, o que não é recomendado pelos especialistas.


“O intervalo entre o nascimento de um filho e a concepção de outro é um dos fatores associados ao parto prematuro, baixo peso no nascimento e ao desenvolvimento abaixo do normal dentro do útero”, explica o obstetra Luis Fernando Leite, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP). Isso porque a gravidez provoca uma modificação completa do organismo da mãe, para que ela possa nutrir a criança que está crescendo: toda a energia da mulher vai primeiro para o bebê -- é como se o corpo dela desse prioridade a essa nova vida. Por isso, não é de se admirar que o organismo leve um tempo para voltar ao normal. Quando a mulher ainda não está totalmente recuperada tanto do ponto de vista físico quanto nutricional para uma nova gestação, pode haver prejuízos para a mãe e para o bebê.

Por que não é bom emendar uma gravidez na outra?

Durante a gravidez, o corpo da mulher retém uma grande quantidade de líquido e o volume de sangue circulando aumenta até 50%, o que exige um maior esforço cardiorrespiratório. Ou seja, o coração e os pulmões têm de trabalhar mais para manter todo esse sangue circulando pelo corpo e fazer o oxigênio chegar a todos os órgãos. Isso provoca certo desgaste no organismo da mulher.

Esse ritmo só volta ao normal por volta de 4 a 6 meses depois do parto. Além disso, mesmo que a grávida se alimente bem e esteja saudável, ela sempre tem um pouco de anemia e seu organismo precisa de um tempo para repor toda a quantidade de ferro depois do nascimento do bebê.

Por todos esses motivos, os especialistas só consideram que a mulher está totalmente recuperada no 9º mês após dar à luz. Depois desse tempo, em geral, os órgãos já voltaram ao devido lugar, ela já recuperou o peso e a massa magra, voltou a fazer atividade física e ganhou força e tonalidade muscular vaginal e abdominal. Esse período coincide com o resultado da pesquisa: engravidando no nono mês, a mulher daria à luz cerca de 40 semanas depois. Eis o intervalo de 18 meses entre duas gestações apontado pelos especialistas.

O tipo de parto influencia?


Uma nova gestação em um intervalo muito curto também aumenta o risco de ruptura uterina durante o trabalho de parto. “Antigamente, se acreditava que era preciso esperar dois anos entre uma gravidez e outra para a recuperação total do útero. Hoje já se sabe que de 4 a 6 meses depois do parto o orgão já recuperou 90% das suas forças, e, no caso de cesárea, a cicatriz já está bem fechada”, explica o ginecologista Paulo Gallo de Sá, professor de Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A princípio, não há contraindicação para o parto normal quando a mulher passou por apenas uma cesariana. “A restrição existe quando se trata de duas ou mais cirurgias desse tipo”, completa Leite.

Vale lembrar também que na premita – como é chamado o primeiro parto - o trabalho é mais prolongado porque o útero nunca foi esticado antes. No caso de parto normal, o bebê vai dilatando a bacia, estendendo a musculatura e os tecidos da vulva até sair. Em uma segunda gestação, a dilatação acontece com mais facilidade. Além disso, a mãe costuma estar mais serena, graças à experiência anterior. Para Leite, “como a mulher já passou por todas as etapas uma vez, ela já está mais bem preparada para a segunda gravidez. Menos ansiedade e reconhecimento precoce dos sintomas mais comuns são típicos da segunda gestação”.

Esperar demais também não é bom...

Outro alerta publicado na pesquisa é que esperar mais de cinco anos para engravidar novamente também não é uma boa. “Intervalos longos podem estar associados a complicações materno-fetais por causa da idade da mãe: um intervalo de cinco anos é bastante relevante”, explica Gallo de Sá. Engravidar aos 25 tem menos complicações que aos 30; engravidar aos 30 tem menos complicações que aos 35 e engravidar aos 35, menos complicações que aos 40. Em outras palavras, cinco anos é um período bastante relevante no que diz respeito aos riscos envolvidos na gestação por conta do envelhecimento do corpo da mulher.

Qual é o impacto nas famílias?


Do ponto de vista psicológico, como um intervalo muito curto (ou muito longo) entre o nascimento dos filhos pode afetar o comportamento dos pais e das crianças? Quando a diferença de idade é pequena, as crianças têm a oportunidade de compartilhar experiências semelhantes – crescem e aprendem juntas e vivem o mesmo ciclo familiar. É normal alternarem momentos de rivalidade enquanto crescem e se tornam "mais companheiros que competidores", explica Daniella Bertoncello, psicóloga e terapeuta.

Mas tudo depende, claro, de como o pai e mãe vão mediar essa relação entre as crianças, para estimular a fraternidade e o companheirismo no lugar da disputa por afeto e atenção. Os pais devem se preparar para um período intenso de dedicação total já que, quanto menores as crianças, mais dependentes. Papinhas, vacinas, banhos... Os cuidados simultâneos com dois filhos pequenos podem ser bem desgastantes, mas a gente promete: essa fase passa.

Já, quando existe uma diferença de idade muito grande entre irmãos, a chegada de um novo membro da família é vivenciada com mais tranquilidade e menos turbulência. “Geralmente o mais velho espera por um irmão e provavelmente até pediu esse ‘presente’ algumas vezes aos pais”, conta a psicóloga. Normalmente, quando nasce um caçula depois de muitos anos, as famílias já estão em um ciclo totalmente diferente: a situação financeira costuma ser outra e os pais estão mais maduros profissional e pessoalmente. “Apesar de começarem tudo novamente, em geral, os pais estão mais maduros e conseguem se reinventar em seus papéis paterno e materno, tentando corrigir alguns ‘enganos’ e ‘falhas’ da primeira experiência”, completa Daniela.

Confira a matéria no site da revista Crescer!

Crédito: 
Thinkstock

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Mulheres acima dos 40 anos realizam sonho de ser mãe após muita luta



Infertilidade é um problema que afeta 10% dos casais — estima-se que no Estado do Rio sejam 350 mil pessoas


Rio - Se ser mãe é padecer no paraíso, para algumas mulheres que têm dificuldade em engravidar o sofrimento começa muito antes da hora de dar a luz. Foi o caso da advogada Neyla Carvalho, de 44 anos. Nos últimos oito anos, ela enfrentou uma via-crúcis para realizar o sonho de ser mãe. Diagnosticada com uma inflamação uterina, recorreu à reprodução em laboratório. Submeteu-se seis vezes à fertilização in vitro, com médicos diferentes. Todas em vão.

Recebeu injeções diárias de hormônios na barriga para estimular a ovulação e tomou antibióticos agressivos para tratar uma endometrite. O filho tão sonhado, Samuel, de 3 meses, foi gerado na sétima tentativa, quando Neyla, e o marido, o empresário Luiz Fernando, de 37 anos, já pensavam em desistir. “É muito sofrimento. Você tem que buscar forças onde nem sabe que tem para continuar”, diz Neyla, exultante com o seu primeiro Dia das Mães.

Depois de tanta luta, o domingo vai ser muito especial. “Foi um bebê muito desejado. Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo. Só sei dizer que é uma sensação maravilhosa de plenitude”, revela.

De acordo com o médico Paulo Gallo, especialista em Reprodução Humana e responsável pela chegada de Samuel, a infertilidade é um problema que afeta 10% dos casais — estima-se que no Estado do Rio sejam 350 mil pessoas —e piora com o envelhecimento. “A maioria das mulheres acredita que poderão ser mães quando quiserem. Não é assim. Com a idade, a qualidade dos óvulos diminui e a cada ano a mulher tam menos chances de engravidar naturalmente”, explica o fertileuta.

Segundo o diretor-médico do Vida, Centro de Fertilidade da Rede D’Or, na Barra, a paciente tem o ovário estimulado e os óvulos captados. Após a fecundação, em laboratório, do óvulo com o espermatozoide do marido, o embrião é transferido para o útero da mãe. “O que nos motiva é a gratidão dos que conseguem realizar o sonho da maternidade”, diz Paulo Gallo.

Depois dos 40, 2% de chance


Adiar a maternidade é uma decisão cada vez mais comum entre mulheres que priorizam a carreira profissional ou a estabilidade nos relacionamentos amorosos. Seja qual for o motivo, o fato é que, com o passar do tempo, a idade vai se tornando o maior obstáculo para quem sonha ter filhos. Segundo o médico especialista em Reprodução Humana Paulo Gallo, aos 30 anos, as chances de uma mulher engravidar são de 20% ao mês.

Com o passar dos anos, a probabilidade de engravidar naturalmente diminui drasticamente. Quem tem mais de 40 anos conta com apenas 2% de chances todo mês de gerar um filho com os próprios óvulos. Na fertilização in vitro, a probabilidade varia de 5% a 10%. No Rio, não existe serviço de reprodução assistida na rede pública. Cada tentativa de fertilização pode custar quase o preço de um carro popular — R$ 20 mil a R$ 25 mil — incluindo despesas com clínicas e medicamentos.

Confira a matéria no site do Jornal O Dia

Crédito da imagem: Fernando Souza / Agência O Dia